Perecível ao tempo

Archive for the ‘cochichos cinematográficos’ Category

Secretamente, crio uma grande expectativa toda vez que entro em um ônibus ou um auditório. Sempre acho que no meio do percurso, ou do espetáculo, alguém pode subir na poltrona e começar a cantar, enquanto ensaia um bailado. Pouco a pouco os demais se levantam e somam vozes, até chegar no refrão, ponto máximo da cantoria e da alegria dos presentes. Às vezes, melhor dos mundos, sou eu quem levanta do nada e começa a murmurar uma canção.

Talvez eu tenha assistido propagandas da Coca Cola demais, mas antes de saber que era possível combinar esse tipo de coisa com as pessoas, sonhava com algo espontâneo e com cara de Sessão da Tarde.

Se um dia o sonho se concretizar, acho que vai tocar Color Esperanza, do Diego Torres. A música começa lenta e vai ganhando um ritmo mais agitado, tem um refrão que cola e é super otimista, ou seja, tem todos os ingredientes de trilha de Sessão da Tarde.

 

P.s.: Desconfie das pessoas que estiverem assistindo um flash mob e não estiverem filmando. Provavelmente elas serão as próximas a começar a cantar/dançar.

 

 

Sempre acho estranho quando crianças fazem “papel” de adulto em publicidade, filme ou qualquer outra coisa. Nem sei explicar muito bem a minha antipatia, mas costumo revirar os olhos quando vejo algo do tipo.

Não sei se o fato de That’s What’s Up ser a minha música preferida do “novo” CD de Edward Sharpe and The Magnetic Zeros (Here) pode ser relacionado com o fato de que amei o clipe da música. Mesmo tendo crianças fazendo “papel” de adultos.

Devo ter me rendido à fofura da mini-casa também (acho que gravaram o clipe em uma “casa de anão”. Sério! Repara no tamanho da mini-pia do banheiro, da geladeira, altura do fogão…) e também ao bigode feito de canetinha no rosto de um dos meninos…

 

 

P.s.: E Here não agradou só a mim, também está na lista dos 20 melhores de 2012, do blog do Zeca Camargo (!)

P.s.2: E quando eu tiver um filho, vou querer que ele seja como esse menino coisa-mais-fofa!

 

 

 

Ontem resolvi que ficaria uma semana sem entrar no Facebook. Percebi que a rede social tem tomado muito meu tempo. Imagino que 9 entre 10 pessoas já tenha pensado a mesma coisa. Mesmo assim, fiquei feliz de perceber que ao invés de estar rolando infinitamente a timeline e conferindo a cada meio segundo se uma nova notificação surgiu na minha página, aproveitei muito mais as últimas 24 horas. Se tempo é dinheiro, estava perdendo milhões todos os dias na frente da tela. Reclamo tanto da falta de tempo, que tinha me esquecido que é justamente isso que perco enquanto estou nos murais alheios.

Nessas 24 horas aproveitei pra assistir dois filmes (A morte num beijo – chato, 12 homens e uma sentença – muito legal), arrumar/limpar meu quarto, fazer as compras do mês (em dois mercados e no “sacolão” – comércio da prefeitura que vende apenas verduras, legumes e frutas), preparar um almoço pra mim e pro meu pai, ir no banco…

Gosto de Cinema, gosto de cozinhar, gosto de ter comida no armário e na geladeira e de ter dinheiro no bolso, então porque  diariamente tenho aberto mão disso tudo apenas para ficar imersa no mundo facebookiano, onde todos são perfeitos, baladeiros, atuantes socialmente, etc?

Acho que é hora de me desplugar mais e aproveitar o mundo lá fora…

Sábado a noite sem muito dinheiro no bolso e nem animação suficiente para sair de casa: bom momento pra assistir um filme despretensioso. Como a pão-dureza e a preguiça são as companheiras da vez, recorro ao acervo de filmes disponível no Youtube. Se posso abrir mão da qualidade da trama, consigo abrir mão da qualidade das imagens.

Escolho “Ela é a poderosa” (Georgia Rule, 2007).

Resuminho rápido: Lindsay Lohan é uma adolescente rebelde da Califórnia obrigada pela mãe a passar as férias na casa de sua avó, Jane Fonda. Ok, pra essa noite serve.

Começo a assistir. Algumas piadinhas aparecem, Lindsay está lá, toda rebelde sem causa, com roupas provocantes e seu cabelo trabalhado na chapinha. Nada de novidade.

Enquanto Lindsay “apronta todas” em uma pacata cidadezinha de Idaho a trama se adensa. Um segredo é revelado e traz a tona os problemas de relação vividos entre as três gerações da família, Rachel (Lindsay), sua mãe Lilly (Felicity Huffman) e a avó Rachel (Jane Fonda).

Mais do que expor as pequenas tragédias familiares, um panorama de sérios problemas se impõe. Alcoolismo, abuso sexual e uso de drogas ajudam a construir o drama e o universo de cada personagem. Com as feridas abertas e expostas, as três mulheres estão desorientadas sobre quais serão os próximos passos em suas vidas e como lidarão com as dificuldades.

Mesmo abordando temas pesados o filme tem uma estética e ritmo de “Sessão da Tarde”, e aí talvez seja a maior ressalva que pode ser feita a ele. A trama em si, apesar de boa, não faz com que esse seja um “grande filme”. Lindsay, Felicity e Jane Fonda atuam muito bem, mas a trilha sonora insossa e enquadramentos de câmera são alguns dos itens que poderiam ser melhores trabalhados. De qualquer forma, as feridas das três mulheres estão lá, abertas e a espera de que alguém se interesse por elas.

p.s.: Dá pra assistir o filme completo pelo Youtube.

Nem sempre os sonhos se realizam, entrevistas viram empregos, rolos viram companhia pra noites dormidas em “conchinha”, sorrisos viram conversas. Às vezes as expectativas não se cumprem, e não se sabe se esperou demais de algo que nem prometia dar certo ou se a promessa é que não foi cumprida. De qualquer forma, só nos resta sonhar.

O filminho abaixo mostra um encontro que nem era esperado, mas que se cumpre. É rápido (dois minutos e vinte e cinco segundos), é meigo e é bem feito.

Um mini documentário sobre um garoto de nove anos que criou seu império. Com jogos feitos de papelão, Caine’s Arcade é o sonho realizado de Caine Monroy. Empreendedor, o menino resolveu cobrar dois dólares por 500 tickets “de diversão”. O projeto chamou a atenção do cineasta Nirvan Mullick, que organizou uma ação convocando pessoas a comparecem no empreendimento de Caine.

O vídeo é em inglês, mas a sensibilidade que Nirvan teve e o sorriso de Caine podem ser compreendidos em qualquer canto do planeta.

“Um misterioso assassinato em Manhattan” (Manhattan Murder Mystery, 1993) é o típico filme de Woody Allen. Ele encarna o ranzinza e confuso Larry, há personagens paranoicos e Diane Keaton atua magnificamente (ela é a 2ª atriz que mais contracenou nos filmes de Allen, a primeira é Mia Farrow). Uma morte se soma à trama, e a suspeita de assassinato é a responsável pelas divertidas cenas de investigação que o casal protagoniza. Além disso, há Nova York como pano de fundo, emprestando seus parques e restaurantes como locação.

A história encanta pela simplicidade e pelo mistério sobre o como e o porquê do assassinato. A parceria de anos, que já apareceu nas telas em outros sete filmes, funciona bem. Não há como não querer “fazer parte” do casal (ex, na vida real) Keaton-Allen.

Mas além das atuações e da trama perspicaz, o que chama a atenção neste filme são os figurinos usados por Diane. Nada que já não estejamos acostumados. A protagonista continua se vestindo de homem. E Keaton faz isso como ninguém, então, quando ela aparece em cena, é bom sempre ficar de olho!

O estilo totalmente masculino no vestir de Keaton ficou famoso em 1977, no filme “Noivo neurótico, noiva nervosa” (Annie Hall, 1977), onde a atriz aparece diversas vezes de camisa, calça social, colete e gravata (!).

A atriz é referência quando o assunto é moda feminina “masculinizada”. E ainda hoje ela aparece em eventos com modelitos desse estilo:

Enfim, o filme vale pelo texto de Allen, pelas ótimas atuações e pelas referências de moda. Hora de esquentar a pipoca!

Quando um livro é aberto, milhões de possibilidades se abrem simultaneamente. Além das histórias que carrega consigo, ele pode contar outras histórias, de diversas maneiras.

Muita gente se inspira em livros pra criar essas novas histórias.

O vídeo abaixo ganhou o Oscar de Melhor Curta de Animação.

Aqui um stop motion mostra o que acontece em uma livraria quando ela fecha as portas.

Já nesse vídeo, a organização da prateleira rendeu um clipezinho animado.

Aqui livros enfileirados tomam a vez de dominós e anunciam uma rede de livrarias chamada Bookmans (aliás, vale a pena assistir os vídeos do canal deles do Youtube. Tem umas propagandas bem engraçadinhas).

E ainda tem uma sequência de vídeos onde os protagonistas são os livros.

Ou seja, é livro que não acaba mais!

 

Ailime Kamaia. Não bastava um nome complicado, minha mãe escolheu logo dois para batizar a segunda filha. “Aline? Maia?”. “Não! Ailime Kamaia!” Cansei de repetir a frase, assim como cansei de escutar a pergunta: “Mas o que significa?”.

Então, Ailime vem do francês, deriva de Aimeé e significa amada. Já Kamaia vem do ianomâmi e ainda não descobri o que quer dizer, apesar de já ter pesquisado bastante o significado. Essa é a resposta padrão para a pergunta que tanto escuto, mas com certeza posso alongá-la e completar a explicação.

“Na verdade não era pra eu me chamar Ailime Kamaia, e sim, Arima Kamaia. Arima também é ianomâmi. Mas a minha mãe esqueceu esse nome e em cima da hora lembrou-se do nome de uma modelo francesa, Ailime. Quem acabou com o nome de Arima foi a minha irmã mais nova, Arima Dandara”.

Nesse momento começo a discorrer sobre os significados do nome da minha irmã mais nova, depois pulo para o nome da mais velha, Maria Anahi. Por fim, falo de Rich-Nei (filho), meu irmão. Sim, é uma conversa, que muitas vezes se pretendia introdutória,  termina sendo longa. Mas garante a alegria de muitos ouvintes, posso afirmar.

As pessoas gostam de conhecer tipos com nomes incomuns. Tenho uma amiga que faz questão de pronunciar meu nome completo toda vez que me apresenta a algum conhecido. Ela se vangloria de ter uma colega chamada “Ailime Kamaia”.

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Olhares curiosos se voltam para mim quando pronuncio meu nome. Já estou mais do que acostumada a ter que soletrá-lo, a enunciá-lo pausadamente, a ser chamada de Aline ou Maia. Entendo todas essas pessoas, afinal houve um tempo em que nem eu mesma sabia falar Ailime.

Mas o fato de ser um nome um tanto diferente não impede que as pessoas tentem aprende-lo. Tudo é uma questão de hábito. As pessoas se acostumam a falar “Ailime Kamaia”, da mesma forma que se habituam a visitar a sogra. Nenhuma Ana Maria quer ser chamada de Mariana.

Meu nome é parte da minha identidade. Gosto de pensar que sou tão exótica, tão incomum quanto ele. Gosto de ser a única “Ailime Kamaia” porque gosto de me sentir única.

O documentarista Alan Berliner demonstrou a importância que um nome pode ter. Afinal, foi investigando “Alans Berliners” por aí que ele criou o argumento do seu documentário, “O som mais doce”. E o próprio título do audiovisual já deixa claro que não há palavra mais bonita para uma pessoa do que seu próprio nome. Sinais de egocentrismo? Prefiro pensar que não, que sejam sinais de amor-próprio apenas.

Não acho que o nome tenha o poder de determinar a vida de uma pessoa, mas a forma como essa pessoa se relaciona com sua alcunha ajuda a vislumbrar a personalidade dela.

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Ahhh. E como costuma acontecer com quem tem nomes compostos “estranhos”, sempre preciso explicar que Kamaia não é sobrenome. É nome, como o Maria, da tal Ana acima mencionada.

É, não é fácil ter um nome singular. É preciso paciência. É preciso aguentar piadinhas sem graça. É preciso soletrar tantas vezes quanto forem necessárias. Porém, é saber que você tem um nome único e que se alguém gritar na rua por você, vai ser só pra você.

Se eu disser que a beleza importa, rapidamente alguém vai contra argumentar: “não, não podemos analisar só a aparência, precisamos nos aprofundar”.

Concordo que devemos  dar importância para a função e o interior das coisas/pessoas, porém qual é o papel da arte? Para mim é o de ser belo.

Com tantas coisas feias a nos rodear, gostamos de ter elementos capazes de tornar mais bonita a nossa vida. Muitas vezes, o que é belo não precisa ter nenhuma função prática. Ser belo, já basta.

Porém, em busca de um “aprofundamento” das coisas, abrimos mão da beleza para não parecermos superficiais. Mas a beleza continua valendo a pena. Afinal, não são tão felizes os momentos em que podemos parar tudo e apenas contemplar algo que nos encante? A vista do horizonte que o cume proporciona não é o objetivo de qualquer montanhista? Não nos sentimos incomodados quando vivemos em uma casa que não nos agrada?

Sim, a beleza, ou melhor, a busca pela beleza está em tantas partes, então porque negar sua importância?

Filósofos argumentaram que, através da percepção da beleza, moldamos o mundo como um lar.

[Roger Scruton, filósofo]

No documentário abaixo, Roger Scruton fala sobre beleza, amor, arte, o sagrado… Material interessante para ver e debater!

Bom, não concordo com tudo que o filósofo apresenta. Acho ele um tanto radical e com uma visão muito “tradicional” sobre arte/beleza. Mas a discussão vale a pena!

Outro que deu seu pitaco sobre o assunto foi o irlandês Oscar Wilde, e é com uma frase dele (presente no livro “O Retrato de Dorian Gray“) que encerro o post, desejando que todos consigam buscar a beleza no seu dia a dia.

As pessoas dizem as vezes que a beleza é superficial. Pode ser que seja. Mas, pelo menos, não é tão superficial quanto o pensamento. Para mim, a beleza é a maravilha das maravilhas. São apenas as pessoas superficiais que não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invisível.

[Oscar Wilde, escritor, dramaturgo e poeta]


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